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Arte da JAM no MAM Arte da JAM no MAM

Produtores e diretores falam sobre novo DVD da JAM

“Assaz” significa “suficientemente, muito”. No título do DVD da JAM no MAM que chega agora ao público, a palavra faz uma brincadeira com o título da música do compositor Ivan Bastos, Assaz Brasil, para chamar atenção para o DNA baiano da música instrumental que vem sendo feita hoje em Salvador, com especial vigor e natural vocação para virar standards de jazz.

O DVD Assaz Baiano* é um lançamento da Huol Criações com o selo JAM no MAM, dentro do seu projeto de valorizar e registrar a história da música instrumental baiana, e vem acompanhado de um CD com composições de Aderbal Duarte, Luciano Chaves, Zeca Freitas, Ivan Bastos, Anunciação e Ivan Huol, todos nomes de destaque na cena da música instrumental brasileira.

Nessa entrevista, conversamos com Ivan Huol (diretor artísticos da JAM), Cacilda Povoas (coordenadora de produção a Huol Criações), Sofia Federico e Marcos Povoas (que dividem a direção do DVD). No papo, música baiana, o trabalho audiovisual da JAM no MAM e até as ideias para o próximo DVD!

Qual a sua participação direta na produção do material do DVD e do CD, Ivan?

Ivan Huol – Minha maior contribuição, creio, foi na pesquisa de repertório. Na verdade, rendemos uma homenagem aos nossos queridos mestres e parceiros em mais de 30 anos de música, pinçando minhas canções favoritas, nesse microcosmo instrumental baiano.

Esse é o quarto DVD lançado pela JAM no MAM. Qual a importância desse lançamento para o projeto?

Cacilda Povoas – Nosso quarto álbum consolida parcerias; mais uma vez a dupla de diretores Sofia Federico e Marcos Povoas constroem com a banda Jam no MAM uma obra que revela um pouco da cena instrumental baiana, uma obra que lança um pouco de luz sobre as histórias e personagens dessa cena. Nós, da equipe da Jam no MAM, consideramos que retratar a cena instrumental baiana é a nossa missão e a cada oportunidade estamos contando um pouco dessa história. Este quarto álbum da Jam no MAM é dedicado aos compositores residentes na Bahia, aos compositores que se dedicam à música instrumental. No documentário Assaz Baiano eles falam sobre a composição das músicas, como se deu a criação.

Como o conteúdo desses novos trabalhos podem ser comparado aos dos três anteriores?

Marcos Povoas
(foto) O foco desta vez foi a composição, a música propriamente dita, seu autor e o ato da criação. Nos demais, falamos sobre o ato da improvisação, depois sobre o papel da JAM como centro de formação do músico para a arte da música instrumental improvisada. O destaque agora é para músicas BAIANAS que têm um especial vigor e a natural vocação para virar standards de jazz.

Ivan Huol –
Gosto dos clássicos, gosto de poder tocar nossos próprios standards. Nesse sentido, este novo trabalho é mais abrangente e tem a vantagem de conter também os "maiores sucessos" da música instrumental baiana e, na nossa atual conjuntura, lançar mais um título já é um grande progresso!

Existem semelhanças entre todos os trabalhos?

Sofia Federico – O improviso. Sentimos que na Jam no Mam tudo acontece para que os músicos improvisem. O público é uma testemunha disso e acaba curtindo, mas quem se diverte mesmo são os músicos.

Ivan, Você destacaria algum aspecto, em especial, no conteúdo desse material que chega agora ao público?

 Ivan Huol –
Eu sou fã da música Victor e, em especial, a performance de Joander Cruz no sax alto é definitiva! Gosto também do clima de Prum Cidadão, de Annunciação, bem ao estilo samba canção, com lindos solos de Scott e Matias Traut, além de resgatar um pouco da obra desse gênio que é o nosso Mestre "Annunça". Aderbal dá um show de comunicação ao apresentar Flutuando, com direito a uma pequena aula de MPB no finalzinho do DVD. Como disse antes, poder materializar essas pérolas quase perdidas no tempo é o grande barato deste nosso novo trabalho.

Marcos Povoas – O desejo é destacar que existe um repertório local, assaz baiano; e o desejo que este trabalho sirva de inspiração para outros músicos, estimulando que novas composições, a serviço do improviso, apareçam. Outro aspecto é poder revelar, ainda que de forma breve, as motivações e inspirações que pautaram os autores a criarem as músicas que estão destacadas nesses trabalhos. A gente acredita que o público vai curtir muito isso. E o DVD vai acabar cumprindo um papel interessante: aproximar o artista do seu público.

Como foi formada a equipe para esse trabalho?

Marcos Povoas – No registro e edição das sessões da Jam, a equipe foi basicamente a mesma que vinha fazendo o programa Jazz na Madrugada (produzido pela HUOL Criações para levar à TV, à internet e ao rádio as performances musicais e entrevistas ligadas à JAM no MAM). Como a fotografia, por exemplo, que é assinada por Paulo Alcântara. O que há de novo é que realizamos entrevistas com os autores das músicas. Assumimos a câmera e a captação de som dessas entrevistas – eu e Sofia – e Priscila Povoas fez a assistência de produção. A equipe foi a mais enxuta possível, aliás, uma tendência cada vez maior nas produções audiovisuais.

A partir da experiência acumulada por vocês nesses muitos anos registrando a JAM em DVD, no programa Jazz na madrugada e nos “clipes”, como vocês definiriam a linguagem audiovisual da JAM no MAM, hoje?

Marcos Povoas – Não saberia definir qual é a nossa linguagem, mas sei onde queremos chegar. Queremos poder captar o discurso de quem improvisa, ali, no calor da hora, e traduzir isso em imagem, em movimento, em profundidade, em cor. Queremos serenidade nos momentos serenos e energia nos momentos enérgicos. Tudo isso sem perder o foco na nossa função primordial: a de mostrar o que está acontecendo no palco. Queremos que nossas câmeras e nossa montagem respirem junto com o músico. Não falo em pós-produção não, falo ao vivo mesmo. É um sonho, ainda estamos longe disso e por isso gostaríamos muito de continuar registrando, exercitando. Sobretudo, porque conseguimos captar momentos únicos, que jamais se repetirão.

Qual é o público alvo desses novos trabalhos?

Sofia Federico é uma das diretoras, enquanto Paulo Alcântara assina a fotografia do DVD Assaz baiano. Foto Lígia Rizério.

Sofia Federico – Achamos que esses trabalhos são para o público da JAM, não somente para quem frequenta as sessões da JAM no MAM com a assiduidade de fã, mas, sobretudo, para aqueles que conseguem acessar uma segunda, terceira ou mais camadas de uma música; para os que admiram a técnica, a sensibilidade e a coragem daqueles que se lançam ao improviso. É para aqueles que gostam de testemunhar o ato da criação. Improvisar é uma composição instantânea, visceral, e esse “instantâneo” está registrado nesses trabalhos.

O objetivo desses produtos (DVDs, CDs) é o lucro com as vendas? Como isso funciona dentro da logística da Huol Criações?

Cacilda Povoas – Os discos surgiram a partir da demanda do público, muitas pessoas abordavam o técnico de som e o VJ perguntando como adquirir o áudio ou o vídeo das performances musicais. A produção dos discos é paga pelo nosso patrocinador e a venda desses discos é distribuída entre os músicos e compositores que participam da gravação.

Como será o lançamento no dia 21? Alguma programação especial está sendo planejada?


Ivan Huol – Vamos ter um "bandão-base", com muitos sopros, percussão, enfim, celebrar com todos e mais alguns dos nossos companheiros combativos, que afinal, é pra eles que fazemos a Jam no MAM!

Depois do lançamento desse novo trabalho, quais são os planos para o próximo projeto?


Cacilda Povoas – Sempre trabalhamos nos nossos discos com compositores residentes na Bahia, nosso próximo passo será organizar o livro de partituras com as músicas baianas, brasileiras e latinas tocadas na Jam no MAM. Queremos fazer o "Livro Real Baiano", nossa versão morena para o Real Book estadunidense! Conversamos com a EDUFBA e a diretora se mostrou simpática ao projeto. Precisamos agora encontrar um patrocinador para financiar esse livro!

Ivan Huol –
Temos um conteúdo pronto para um CD, todo feito de improvisações coletivas. O legal é que é um conteúdo cheio de suingue, com faixas enormes, bem viajandão, mas com muito vigor e pulsação. De quebra, é também "assaz baiano"!

* O DVD + CD Assaz Baiano tem patrocínio da Oi e do Governo do Estado da Bahia, através da lei de incentivo à cultura, Fazcultura, Secretaria da Fazenda, Secretaria de Cultura do Estado da Bahia, e apoio cultural do Oi Futuro, do Museu de Arte Moderna da Bahia e do Instituto de Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia. Ele será vendido durante as jam sessions do Solar do Unhão por R$ 25,00, ou através do e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (para ser enviado pelo correio para todo o mundo, com valor acrescido da postagem).

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